Por Dra. Jean Yumi Nagao
Glaucoma tem cura? Não!
Porém, com diagnóstico e tratamento corretos, é possível controlar a doença e evitar a cegueira.
Vou explicar:
O glaucoma é uma doença do nervo óptico em que a pressão intraocular elevada é o principal fator de risco. E assim como hipertensão arterial e diabetes, o glaucoma é uma doença crônica em que o controle clínico e diagnóstico precoce são fundamentais para evitar sua progressão.
Se não for diagnósticada desde o início, o glaucoma pode levar a uma cegueira irreversível. Para se ter uma ideia do seu impacto no mundo, atualmente, cerca de 67 milhões de pessoas possuem a doença.
Fatores de risco do Glaucoma: pressão intraocular, idade e histórico familiar
Existem alguns fatores de risco que são determinantes para a doença. Como já dito acima, a pressão intraocular (PIO) elevada é o principal. A PIO pode variar de 10-21mmHg e essa medida só conseguimos fazer numa consulta oftalmológica através do examde de tonometria de aplanação.
Alguns outros fatores de risco são importantes para investigação da doença. São eles: história familiar (principalmente parentes de primeiro grau), pacientes acima de 40 anos, afrodescendentes, córnea fina, miopia, uso de medicamentos (corticoide).
Esses fatores de risco vão causar lesão nas células da retina (fundo de olho) que são responsáveis pela nossa visão e com isso gerar um dano no nervo óptico que cursa com o aumento da escavação. Nem todo paciente com escavação aumentada terá glaucoma, porém em todo paciente que apresente esse aumento de escavação, no exame, é necessária a realização dos exames complementares para a investigação da doença, e com isso ser possível a exclusão de diagnóstico.
Como diagnosticar o glaucoma?
Os principais exames complementares para o diagnóstico do glaucoma são campo visual computadorizado, paquimetria (medida da espessura da córnea), gonioscopia, retinografia e OCT de nervo óptico (tomografia óptica computadorizada).
Tratamento para controlar a pressão intraocular:
A partir do momento que a doença é diagnosticada, o seu tratamento é clínico a base de colírios que vão diminuir a pressão intraocular. A importância do uso do colírio para diminuir a PIO ocorre porque a pressão intraocular é o único fator de risco modificável do glaucoma. Existe tratamento cirúrgico que só será indicado em glaucomas moderados/avançados em que a pressão intraocular já não responde bem ao tratamento com colírios e a cirurgia é necessária para evitar a progressão do glaucoma, e com isso, a cegueira pela doença. O objetivo da cirurgia é somente o controle da PIO para que não haja a progressão. Não há melhora da visão caso já tenha ocorrido alguma perda visual pela doença.
Portanto, o glaucoma é uma doença grave, porém quando seu diagnóstico é feito logo, o risco de cegueira torna-se muito baixo. O mais importante é manter um acompanhamento com oftalmologista em consultas periódicas a cada 6 meses pelo menos. E pacientes que não possuem fatores de risco, a consulta oftalmológica deverá ser anual para verificação de pressão intraocular e fundo de olho.
Maio Verde
No dia 26 de maio, comemora-se o Dia Nacional de Combate à Cegueira pelo Glaucoma. Por isso, foi criada a campanha Maio Verde, para chamar a atenção para a doença. No ano passado, uma homenagem à campanha foi feita no Cristo Redentor.
Jean Yumi Nagao é oftalmologista geral e especialista em Glaucoma.